Autoria: (Lene Valente, 29/03/2019)
Do meio de uma floresta amazônica
De dentro do furo Bom Fim
Com aromas da biodiversidade
Entranhadas dentro de mim
Das matas Maiauataense
Foi de lá que eu vim
Trazendo meus traços
Da miscigenação
Das mistura de vários povos e etnias
Que viveram neste chão:
Negros, brancos e Índios
Sou mulher preta e não abro mão
Sou uma POBRE VALENTE
Sou rebelde de nascença
Dos meus antepassados trago
Esta herança de pertença
E não vou permitir desrespeito
Se entre nós houver diferença.
Vários desafios enfrentei
Neste meu peregrinar
As ondas eram tão fortes
Que eu não conseguia dominar
Os mais altos banzeiros
Que me impediam de remar
As correntezas eram tantas
Que o barco veio a parar
No meio das águas barrentas
Eu não conseguia superar
As ventanias contrárias
Que causavam este maresiar
Que quase faz
O meu barco afundar
Deixando o só de bubuia
Nos rebojos do mar
Correndo sérios riscos
De vim a naufragar
Mas em meio a tudo isso avistei
Um remanso que me favorecia
E nos rebojos de pequenas ondas
Vi que uma oportunidade nascia
De vencer as enseadas da vida
E chegar onde eu queria
E na pequena oportunidade
Logo mergulhei
Com pequenas pororocas
Ainda me confrontei
Nesta difícil viagem
Foi assim aqui cheguei
E se até aqui cheguei
Foi por pura rebeldia
Pois buscar conhecimento
O pobre não podia
Por imposição do sistema
Que oprime noite e dia
Escola era somente
Para o filho do patrão
O filho do pobre
Não tinha direito não
Eram negadas as oportunidades
Pra mantê-los na opressão
Hoje as maresias e banzeiros
Continuam a perseguir
Os ventos contrários insistem
A nos levar a regredir
Dentro de outro contexto
Nos impedem de prosseguir
Nos impedem de ser livres
E de sair da alienação
Pois a elite
De oprimir não abre mão
Porque o seu objetivo
É a dominação
Mas eu continuarei rebelde
E não vou desistir
Mesmo com este governo ditador
Vou estar sempre a insistir
E contra o retrocesso?
Ah! Vou resistir
Não sou ovelha dos donos do capital
Para ser comandada
Tenho minhas opiniões
E não vou ser manipulada
E pelo sistema capitalista
Jamais serei influenciada
Que viva a democracia
E faça os nossos direitos valer
Que morra o autoritarismo
Que nos impede de vencer
E que a tão sonhada liberdade
Venha à todos nós, favorecer
Posiciono-me contra
A ideia de um Brasil armado
Com armas de fogo
Para manter o povo ameaçado
Pois a educação é a única arma
Para um Brasil libertado
Por tanto, Fora Bolsonaro
E todos os seus militares também
Nós da classe trabalhadora
Somos cidadãs e cidadãos do bem
Por isso não vamos aceitar
Torturas pra ninguém
Por tanto, Fora Bolsonaro
E todos os seus militares também
Nós da classe trabalhadora
Somos cidadãs e cidadãos do bem
Por isso não vamos aceitar
Torturas pra ninguém