sábado, 19 de novembro de 2022

NÃO À CULTURA DO RACISMO

Autoria: (Lene Valente, 19/ 11/ 2022). 



Não fique se achando superior
E me colocando defeito
Essa é a minha cor
Esse é o meu jeito
Esse é o meu cabelo
E é bom que se tenha respeito
 

A única diferença entre nós
É a quantidade da melanina
A minha é em abundância
E a sua, muito pequenina
Por isso a minha pele
Sempre brilha e ilumina
 

E é a intensidade deste brilho
Que chama atenção
E que muitas vezes me faz
Ser vítima de descriminação
Somente porquê tenho na pele
Uma brilhante coloração
 

A melanina me dá energia
E me dá proteção
Protege a minha pele
Dos raios e de sua ação
Por isso tenho orgulho de
Esbanjar essa pigmentação
 

Preta ou negra
Não tenho vergonha de ser
A única vergonha que eu tenho
É da atitude de certo ser
Que condena o ser humano
Sem o conhecer
 

Não é crime ser Preta
Crime é o que você tem feito
Se autoaprisionando
Pelo seu próprio preconceito
Matando o seu próprio coração
E alimentando uma pedra no seu peito
 

Não é pecado ser Preta
Pecado é a falta de consciência
Para não aceitar as diversidades da vida
Com toda a sua essência
E não reconhecer que somos iguais
Perante o Dono de toda ciência
 

À cultura do racismo
Eu digo não
Por mim e por tantas pessoas
Que passam por tal situação
E pelos que morreram por ter
Essa linda pigmentação
 

Vocês também
Digam  não a essa cultura
Não queremos mais nenhum preto
Morrendo e sofrendo tortura
Vamos nos dar as mãos
E lutar contra essa loucura
 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

PARABÉNS IGARAPÉ-MIRI

( Autoria: Lene Valente, 22/05/2022)

Dos 126 anos de trajetória
Aí está uma linda história
Entranhada na memória
 
Desta nossa gente
Que toda resistente
E de forma contente
 
Comemora com alegria
Por esta categoria
Elevada neste dia
 
À cidade foi elevada
Aquela vila amada
Que também foi colonizada
 
Muitas vezes explorada
Mas na luta não ficou parada
Por uma terra emancipada
 
Vila de Santana
Lugar de gente bacana
Onde a diversidade emana
 
Cidade de Igarapé-Miri
Foi o nome dado a ti
Amada terra do açaí
 
Nosso pequeno caminho
Neste território ribeirinho
Onde de canoa ou de casquinho
 
São compartilhados os saberes
Destes teus humanos seres
Que em meio a tantos afazeres
 
Estão sempre a te homenagear
E através da cultura popular
Vão ás praças e rios te proclamar
 
Parabéns pela bela essência
Por mais um ano de existência
De lutas e resistência
 
Pelos 126 anos de trajetória
Recebe esta dedicatória
Por esta conquista emancipatória
 
Amada Cidade de Igarapé-Miri
Terra do nosso saboroso açaí
Parabéns pra ti
 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

FORA DE MIM

Autoria: (Lene Valente, 2014)

 

Te espero

Porque te quero

E o meu querer é sincero

 

As vezes me desespero

Que até me acelero,

E de paixão exubero

 

Que até exagero

Mas logo supero

Podes crer, é vero.

 

O MAL QUE TE FIZEREM TRANSFORMEM EM BEM

AUTORIA: (Lene Valente, 2019).

 

Tudo o que fizeram ou fazem comigo

Eu jamais me importei

Sempre acolhi tudo

E em pilares transformei

E na construção da vida

Foi neles que me sustentei

 

Me atiraram pedras

E eu as guardei para construir

Aquilo que é necessário

Para continuar a resistir

E foram fundamentais

Para eu persistir

 

Me ofereceram críticas

Eu as acolhi no coração

E em conselhos adaptei

Que serviram de inspiração

Para eu seguir em frente

Com mais determinação

 

Xingaram de mim

Eu fiz uma reflexão

Tomei como um bem

Cada xingação

Que me levou a entender

Que a vida é uma lição

 

Portanto, o que fazem comigo

Eu não costumo me importar

Preocupo-me sempre

Em querer transformar

Tudo aquilo que me é feito

Em meu bem estar

 

Por isso meu caro amigo

Faça essa experiência

O mal que te fizerem transforme

Em um bem para sua vivencia

Pois esta prática te ajudará

A criar resistência

 

 

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

REBELDIA DE UMA POBRE VALENTE

Autoria: (Lene Valente, 29/03/2019)


Do meio de uma floresta amazônica
De dentro do furo Bom Fim
Com aromas da biodiversidade
Entranhadas dentro de mim
Das matas Maiauataense
Foi de lá que eu vim


Trazendo meus traços
Da miscigenação
Das mistura de vários povos e etnias
Que viveram neste chão:
Negros, brancos e Índios
Sou mulher preta e não abro mão


Sou uma POBRE VALENTE
Sou rebelde de nascença
Dos meus antepassados trago
Esta herança de pertença
E não vou permitir desrespeito
Se entre nós houver diferença.


Vários desafios enfrentei
Neste meu peregrinar
As ondas eram tão fortes
Que eu não conseguia dominar
Os mais altos banzeiros
Que me impediam de remar


As correntezas eram tantas
Que o barco veio a parar
No meio das águas barrentas
Eu não conseguia superar
As ventanias contrárias
Que causavam este maresiar


Que quase faz
O meu barco afundar
Deixando o só de bubuia
Nos rebojos do mar
Correndo sérios riscos
De vim a naufragar


Mas em meio a tudo isso avistei
Um remanso que me favorecia
E nos rebojos de pequenas ondas
Vi que uma oportunidade nascia
De vencer as enseadas da vida
E chegar onde eu queria


E na pequena oportunidade
Logo mergulhei
Com pequenas pororocas
Ainda me confrontei
Nesta difícil viagem
Foi assim aqui cheguei


E se até aqui cheguei
Foi por pura rebeldia
Pois buscar conhecimento
O pobre não podia
Por imposição do sistema
Que oprime noite e dia


Escola era somente
Para o filho do patrão
O filho do pobre
Não tinha direito não
Eram negadas as oportunidades
Pra mantê-los na opressão


Hoje as maresias e banzeiros
Continuam a perseguir
Os ventos contrários insistem
A nos levar a regredir
Dentro de outro contexto
Nos impedem de prosseguir


Nos impedem de ser livres
E de sair da alienação
Pois a elite
De oprimir não abre mão
Porque o seu objetivo
É a dominação


Mas eu continuarei rebelde
E não vou desistir
Mesmo com este governo ditador
Vou estar sempre a insistir
E contra o retrocesso?
Ah! Vou resistir


Não sou ovelha dos donos do capital
Para ser comandada
Tenho minhas opiniões
E não vou ser manipulada
E pelo sistema capitalista
Jamais serei influenciada


Que viva a democracia
E faça os nossos direitos valer
Que morra o autoritarismo
Que nos impede de vencer
E que a tão sonhada liberdade
Venha à todos nós, favorecer


Posiciono-me contra
A ideia de um Brasil armado
Com armas de fogo
Para manter o povo ameaçado
Pois a educação é a única arma
Para um Brasil libertado

Por tanto, Fora Bolsonaro
E todos os seus militares também
Nós da classe trabalhadora 
Somos cidadãs e cidadãos do bem
Por isso não vamos aceitar
Torturas pra ninguém
          (FIM)

GRATIDÃO AO MEU LUGAR

 Autoria: (Lene Valente, 2008).


Meu querido lugar
Tua beleza me encanta
O cantar dos pássaros
Da tristeza me acalanta
E o brotar das flores
Minha vida abrilhanta


As árvores protegem-me
Com sombras maravilhosas
Alimentam-me sempre
Com frutas deliciosas
E o oxigênio que eu inspiro?
Sai das folhas formosas


A lua e as estrelas no céu
Clareiam a noite com sua beleza
Causando-me admiração
Por tanto brilho e riqueza
Por isso fico horas observando
Esta tua bela Natureza


Ao amanhecer
O sol faz brilhar o nosso dia
Iluminando, aquecendo
Transmite-nos energia
E a chuva já se prepara
Para deixar a tarde mais fria


O vento vem e espalha
As nuvens lentamente
Dando lugar ao silencio
Que chega levemente
E quando me deparo
Já é noite novamente


Fico emocionada
Com tanta beleza
E agradeço a Deus
Por sua imensa grandeza
E pela sabedoria de tudo criar
Com toda perfeição e pureza


Nos rios que enchem e vazam
Vejo na correnteza o desaguar
Das mais belas ondas
Onde fico a observar
O som da maresia
Que levemente se põe a zoar


Amo este rio barulhento
Que até nas madrugadas
Não se deixa calar
Com o som das buzinadas
Dos freteiros passando
E nos deixando acordadas


Este é o meu querido
E admirado lugar
Que em meio tantas dificuldades
Ensinou-me a amar
Ensinou-me com dignidade
Coisas boas conquistar


Eis o motivo de tanta gratidão
Para aqui declarar
Toda a minha admiração
Por este amado lugar
Que sempre será lembrado
Por onde eu andar.
        (FIM)

MINHA IDENTIDADE

 Autoria: (Lene Valente, 2013)


Sou cabocla ribeirinha
Venho das brenhas da mata
muitos dizem
Que sou estranha e chata
Mas eu sou
Uma pessoa sensata.


Nasci na beira do rio
Meu teto era de palha
Madeira e açaizeiro
Do meu chão foi assolho
A agricultura e a pesca
Sempre foi nossa trabalho


Venho das margens
Das águas barrentas
De rios e igarapés
Onde há fontes barulhentas
Das águas lançantes
Das correntezas mormurentas


Sou das entranhas da Amazônia
Adaptada a esta realidade
Com a natureza tenho
Uma relação de cumplicidade
Por isso sou defensora
Da sua diversidade


Sou ribeirinha Tocantina
E destas águas sempre me saciei
Dos frutos desta terra
Tambem sempre me alimentei
E nestes rios e Igarapés
Muitas vezes me banhei.


Nos rebojos e remansos
Destes rios naveguei
Na contra maré e contra vento
Tantas vezes remei
Insistir e resistir as maresias
Mas aqui cheguei.


Foi no brilho desta paisagem
Que eu cresci
Sobre meus traços e imagem
Amei tudo isso aqui
E hoje sou grata a Deus
Por tudo que aqui vivi e aprendi.
              (FIM)