quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

MULHER RIBEIRINHA

 Autoria: (Lene Valente, 2024). 

Sou das águas e florestas
Sou Amazônia Tocantina
Sou preta sou pobre
Sou mulher campesina
Minha luta é intensa
Por autonomia feminina
 
Sou professora ribeirinha
Sou pescadora sou mulher
Dos contatos com os rios
Sou fã da alta maré
Os remansos inspiram-me
A ir onde eu quiser 
 
Levando as marcas
Da antiga vivência
Da mulher ribeirinha que
Teve ferida sua existência
E ao voltar estudar
Tornou-se Resistência
 
Por ser mulher o meu trabalho
Tentaram invisibilizar
A minha imagem ribeirinha
Tentaram desvalorizar
E a minha voz feminina
Quiseram silenciar
 
O sistema opressor disse
Que eu teria de ser prostituta
Pois, mulher preta e pobre
Tinha que ser puta
E não podiam concorrer vagas
De empregos em disputa
 
E foi na conta maré
Desta tal filosofia
Que me impedia ser
Aquilo que eu pretendia
Deixando-me a margem
E negando-me a autonomia
 
E a Educação do Campo
Veio para se contrapor
Ofereceu oportunidades
A esta filha de agricultor
E da agricultora que pela
Disparidade sofreu tanta dor
 
E na universidade Pública
E gratuita eu ingressei
O racismo e preconceito
Lá também eu enfrentei
E foi a partir daí que
Nesta luta eu entrei
 
A Educação do Campo
Ensinou-me a resistir
Minha luta por afirmação de
Identidade começou a existir
E se não fosse assim
Não teria chegado até aqui
 
Sou mulher ribeirinha
Sou símbolo da resistência
Muitas conquistas alcancei
Por ter a Desobediência
De na contra maré enfrentar
O sistema com Persistência
 
Mas essa luta não acabou
E ainda é preciso resistir
Pois sistema opressor continua
Querendo apagar o nosso existir
Vem com sua nova roupagem
Pra querer nos iludir
 
Nós mulheres precisamos
Pensar e lutar coletivamente
A guerra enfrentada no passado
Esta disfarçada no presente
É o quadro machista e patriarcal
Ainda hoje é evidente

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