quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

IDENTIDADE DE UM POETA

Autoria: Lene Valente, 27/ 06/ 2020

Com uma mente
Sempre inquieta
Mas com uma atitude
Muito discreta
Assim identifica- se
Um ser poeta
 
Uma voluntária missão
Traz desde o nascer
De ser um observador
Focado em escrever
Basta um fato, uma paisagem...
Não consegue se conter
 
Vai logo rabiscando
Em uma folha de papel
Seja o seu texto
Em prosa ou cordel
Vai logo registrando
De forma carinhosa e fiel
 

ESCOLA DO CAMPO É VIDA

     Autoria: (Lene Valente, 2024).

Quando se fecha uma escola

Fecham- se as possibilidades

Fecham-se os sonhos

De transformar realidades

Fecham-se as esperanças

De novas oportunidades

 

A Escola do Campo é vida

Ninguém pode negar

Ela representa a luta

Do povo do nosso lugar

A escola do campo é afeto

É vínculo é o esperançar

 

É onde os sujeitos estudam

E a comunidade cresce

Melhora a qualidade de vida

E a sustentabilidade acontece

É onde a coletividade dialoga

E a identidade se fortalece

 

Ela é a semente crioula

Que atende todas as gerações

É a sabedoria da classe trabalhadora

Que mantém vivo os mutirões

É a força feminina, onde

Ecoam nossas reivindicações

 

A escola do Campo

É a força do poder popular

Que luta para que

A igualdade venha se efetivar

Assim como a justiça social

Se intensifique em nosso lugar

 

A escola é vida na comunidade

Pois é lugar de formação

De sujeitos com autonomia

Que lutam por transformação

É produtora de conhecimentos

Ela é lugar de organização

 

A escola é a alma da comunidade

Ela é o coração pulsante

Através dela nascem os sujeitos

Reflexivos e pensantes

Que existem resistem

Tornando-se mais atuantes

 

A escola é o ponto de equilíbrio

Da nossa comunidade

É onde os sujeitos se reúnem

Com dialogicidade

Para tratar assuntos

Relacionados a coletividade

 

Não queremos nenhuma

Escola do Campo fechada

Fechar escola é crime

É ter a identidade apagada

É negar o direito de viver

Com condição adequada

 

Fechar escola do Campo

Significado retroceder

É negar o acesso a educação

E o direito de aprender

É dar lugar a criminalidade

E fazer o povo pobre sofrer

 

A escola do campo

É a vida da comunidade

Permitir o seu fechamento

É permitir a atrocidade

De gerar no Campo

Fome e criminalidade

 

A educação do Campo

É direito de todo cidadão

O estado tem o dever

De sua efetivação

E tem que ser de qualidade

Não aceitamos a banalização

 

Não estamos pedindo esmola

Estamos exigindo atenção

Estudar é um direito nosso

Nós não vamos abrir mão

Das escolas do Campo

Para a nossa população

 

Queremos que esse direito

Seja respeitado

Não iremos permitir nenhum

Prédio escolar fechado

Educação do campo

É direito nosso e dever do estado

MULHER RIBEIRINHA

 Autoria: (Lene Valente, 2024). 

Sou das águas e florestas
Sou Amazônia Tocantina
Sou preta sou pobre
Sou mulher campesina
Minha luta é intensa
Por autonomia feminina
 
Sou professora ribeirinha
Sou pescadora sou mulher
Dos contatos com os rios
Sou fã da alta maré
Os remansos inspiram-me
A ir onde eu quiser 
 
Levando as marcas
Da antiga vivência
Da mulher ribeirinha que
Teve ferida sua existência
E ao voltar estudar
Tornou-se Resistência
 
Por ser mulher o meu trabalho
Tentaram invisibilizar
A minha imagem ribeirinha
Tentaram desvalorizar
E a minha voz feminina
Quiseram silenciar
 
O sistema opressor disse
Que eu teria de ser prostituta
Pois, mulher preta e pobre
Tinha que ser puta
E não podiam concorrer vagas
De empregos em disputa
 
E foi na conta maré
Desta tal filosofia
Que me impedia ser
Aquilo que eu pretendia
Deixando-me a margem
E negando-me a autonomia
 
E a Educação do Campo
Veio para se contrapor
Ofereceu oportunidades
A esta filha de agricultor
E da agricultora que pela
Disparidade sofreu tanta dor
 
E na universidade Pública
E gratuita eu ingressei
O racismo e preconceito
Lá também eu enfrentei
E foi a partir daí que
Nesta luta eu entrei
 
A Educação do Campo
Ensinou-me a resistir
Minha luta por afirmação de
Identidade começou a existir
E se não fosse assim
Não teria chegado até aqui
 
Sou mulher ribeirinha
Sou símbolo da resistência
Muitas conquistas alcancei
Por ter a Desobediência
De na contra maré enfrentar
O sistema com Persistência
 
Mas essa luta não acabou
E ainda é preciso resistir
Pois sistema opressor continua
Querendo apagar o nosso existir
Vem com sua nova roupagem
Pra querer nos iludir
 
Nós mulheres precisamos
Pensar e lutar coletivamente
A guerra enfrentada no passado
Esta disfarçada no presente
É o quadro machista e patriarcal
Ainda hoje é evidente