sexta-feira, 10 de outubro de 2025

VOZES DO RIO TOCANTINS

 Autoria: Lene Valente, 2025 

Óh, meu rio tocantins
Fértil é o teu leito
Pois sempre jorrastes
Vida em nosso peito 
Hoje sofres ameaças 
Do homem imperfeito 

Oh meu rio Tocantins
Meu amigo das muitas marés
Desde menina te ouço
Ecoando entre os igarapés
Hoje vejo os homens do capital
Te querendo baixo dos pés 

Óh, amado rio Tocantins 
Produtor de nosso alimento
Habitat de muitas vidas
Que te tem como sustento
E hoje brutalmente ameaçado 
Por este tal "desenvolvimento" 

"Desenvolvimento" este 
Que não trará benefício
Apenas maltratará as vidas
Colocando-as em sacrifício
Afetará o ciclo da água 
E todo o seu social ofício 

Óh, meu rio tocantins 
Tu és fonte de sobrevivência 
De milhares de Ribeirinhos
Onde emana existência 
E o capitalismo aí querendo 
Explodir esta confluência

E já pensou se explodirem 
O pedral do Lourenço?
Vão destruir as espécies 
E o impacto será extenso
Isso sem consulta prévia
E sem nenhum consenso 

O pedral é casa e sustento
Berço de vidas em comunhão 
Mas querem ferir seu leito
Com essa tal navegação
Se o Pedral for derrocado
Morre gente, peixe e até a tradição 

O Pedral do Lourenço
É morada do tucunaré
Do camarão, do boto
Da mapará e do mandobé
Explodir esse tesouro
É matar o nosso axé. 

Só para escoar soja
E carga para mercado
Sem pensar nas famílias
Que vivem do pescado
Com o Pedral derrocado
O ecossistema todo é castigado.

Transporte de commodities
E  tráfego das barcaças 
Para as vidas ribeirinhas
Trás grandes ameaças
Não traz nenhum benefício 
Apenas desgraças 

Minérios e grãos saindo
Levados para exportação 
Agrotóxicos e fertilizantes 
Destruindo nosso chão
É a ganância do capital
Causando a destruição 

Querem destruir vidas
Só para escoar produção 
De forma irresponsável 
Sem pensar na população 
Que vivem nos territórios 
E maretórios deste chão 

E o governador do nosso estado
Demostra-se contra a ecologia
Declarando publicamente 
Toda a sua cosmofobia 
Sem pensar na biodiversidade 
Tratando-a como mercadoria 

Chega de Barbalhos 
Cometendo o ecocídio
Causando impactos extremos 
Facilitando o epstemicídio
E estão aí todos impunes
Prontos para o hidrocídio.

Apoiam projetos de mortes
Para o capital beneficiar
Querem mais soja e minério
Com mais pressa pra exportar
Enquanto nós  ribeirinhos
Ficamos sem onde pescar 

E o Pedral do Lourenço
Que é parte da criação
Com dinamite, os barbalhos
Apoiam a sua explosão 
Só pra abrir rota ao lucro
E matar a nossa tradição. 

Eis a indignação
De uma ribeirinha Tocantina
Que lamenta, grita e luta
Contra essa chacina
O Rio Tocantins é memória
É vida, é pulsação divina

Mas a gente não se cala
E nem se curva a tal opressão
Se o governo vem com diamante 
Nós vamos com organização 
Com a sabedoria dos povos
Nos contrapomos à exploração 

Vamos salvar o rio Tocantins 
Das garras dos Barbalhos
E de todos que querem
O ecossistema em retalhos
O Rio Tocantins é lugar de luta
De resistência e de trabalhos

E para concluir, governador 
Ouça o nosso recado 
Não se faz sustentabilidade
Com o rio derrocado
E nem devastando para atender 
As demandas mercado

Sustentabilidade se constrói 
Com diálogo e coletividade
Com respeito ao ambiente 
E proteção da sociobiodiversidade
Por isso, contra Rio Tocantins 
Não permitiremos essa atrocidade

A hidrovia Araguaia-Tocantins
É um projeto de morte e exclusão
Atenção presidente Lula
Não traia nossa nação
Se assinar com os patrões
Será parte desta destruição.

Araguaia e Tocantins gritam
Com dor em sua corrente
Presidente Lula, acorde
Defenda o meio ambiente
Se apoiar essa tragédia
Será cúmplice consciente

Se o rio é fonte de vida
Não pode ser mutilado
O Tocantins grita forte
Seu direito é sagrado.
Hidrovia não é progresso
É futuro condenado!

Esse projeto de hidrovia
É projeto de morte fatal
Presidente Lula, atente
Não defenda esse mal
Ouça as vozes do Rio Tocantins
Que gritam por justiça ambiental